O registro de nascimentos é muito mais do que um ato formal de identificação civil; trata-se de um instrumento essencial para a garantia de direitos e para a construção de políticas públicas eficazes. De acordo com o Dr. Kelsem Ricardo Rios Lima, Oficial de Registro de Imóveis no Estado de Minas Gerais, a certidão de nascimento representa a porta de entrada do cidadão na sociedade e é um pré-requisito para o acesso à saúde, educação, proteção social e demais garantias constitucionais. Sem esse registro, milhares de brasileiros ficam invisíveis diante do Estado, o que compromete sua cidadania plena e limita sua participação nos serviços e decisões públicas.
Ao garantir que toda criança seja registrada logo após o nascimento, o país estabelece as bases para o planejamento e a execução de políticas públicas mais justas e direcionadas. O registro civil fornece dados concretos sobre a população, como número de nascimentos por região, taxa de natalidade, composição etária e distribuição territorial. Essas informações são cruciais para que os gestores públicos possam tomar decisões baseadas em evidências, identificar áreas de maior vulnerabilidade e alocar recursos com mais eficiência e equidade.
Registro de nascimentos: base da cidadania e do planejamento público
A universalização do registro de nascimentos é um desafio constante em países com grandes desigualdades regionais, como o Brasil. Apesar dos avanços nas últimas décadas, ainda existem comunidades, especialmente nas áreas rurais e nas periferias urbanas, onde o acesso ao cartório é difícil e a falta de informação agrava a subnotificação. Segundo o Dr. Kelsem Ricardo Rios Lima, os cartórios desempenham papel fundamental ao promover campanhas de conscientização, ampliar parcerias com maternidades e implantar unidades interligadas nos hospitais, facilitando o registro logo após o parto.
A ausência do registro impede o acesso a benefícios sociais, matrículas escolares, vacinas e documentos como RG e CPF. Crianças sem certidão de nascimento ficam em situação de extrema vulnerabilidade, pois não podem exercer plenamente seus direitos e nem são reconhecidas nas estatísticas oficiais. Isso compromete o próprio diagnóstico das políticas públicas, que passam a operar com dados imprecisos e deixam de atender a parcelas relevantes da população.

Para os governos, ter informações confiáveis e atualizadas sobre os nascimentos permite dimensionar corretamente a demanda por creches, escolas, serviços de saúde e programas sociais. Além disso, o cruzamento desses dados com outras bases cadastrais contribui para combater fraudes, aprimorar o controle de gastos e aumentar a transparência na gestão pública. Assim, o registro civil funciona como uma ponte entre o indivíduo e o Estado, conectando direitos fundamentais à ação concreta.
O papel dos cartórios na promoção da inclusão social
Os cartórios de registro civil têm investido em modernização tecnológica, atendimento humanizado e integração com políticas públicas para garantir que o registro de nascimentos seja universal e acessível. A implantação de sistemas eletrônicos, a gratuidade do primeiro registro e as parcerias com hospitais públicos e privados têm ampliado significativamente o alcance desses serviços. Segundo o Dr. Kelsem Ricardo Rios Lima, a atuação cartorária é essencial para assegurar a efetividade do direito ao nome, à nacionalidade e à dignidade desde o início da vida.
Além da emissão da certidão, os cartórios também são responsáveis por manter os dados atualizados em caso de alterações, como inclusão de paternidade, adoção, correções de nome ou filiação. Essa continuidade no atendimento fortalece a relação do cidadão com o sistema jurídico, oferecendo segurança e legalidade às informações que impactam diretamente a sua trajetória.
Em algumas regiões, projetos sociais e ações itinerantes têm sido fundamentais para alcançar comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, que historicamente enfrentam maiores obstáculos para acessar os serviços de registro. A mobilização conjunta entre cartórios, defensorias públicas, conselhos tutelares e agentes de saúde tem sido uma estratégia eficaz para eliminar o sub-registro e incluir todos os brasileiros nas estatísticas oficiais e no exercício pleno da cidadania.
Cidadania começa no nascimento registrado
O registro de nascimentos é a base de qualquer sociedade que se pretende inclusiva, democrática e orientada por dados. Garantir que todos sejam reconhecidos pelo Estado desde o nascimento é um compromisso com a dignidade humana e com a efetividade das políticas públicas. Como enfatiza o Dr. Kelsem Ricardo Rios Lima, o cartório não é apenas um emissor de documentos, mas um agente ativo na construção de um país mais justo, informado e igualitário.
Autor: Zinaida Alekseeva